Quarta-feira, 24 de Setembro de 2008
Este é o primeiro post público sobre o projecto SAPO Campus que, enquanto conceito de investigação, começou por chamar-se Portal Universitário 2.0. Este é um projecto que me diz muito porque, para além de representar a parte mais visível do meu trabalho de doutoramento, é o resultado de um extenso e intenso trabalho de investigação que tenho vindo a realizar nos últimos anos.
Como vou começar a escrever regularmente sobre este assunto, hoje vou optar por ser breve… mas espero conseguir despertar a atenção para os posts que se vão seguir :)
Acredito no enorme potencial das ferramentas da Web Social/2.0 em contexto educativo (talvez hoje já muitos não duvidem!) e considero que, neste momento, a maioria das instituições de ensino se encontra numa encruzilhada. Estas continuam oficialmente a dar suporte e incentivar a utilização de um LMS institucional mas cada vez mais professores e alunos começam a sentir a necessidade de utilizar ferramentas da Web 2.0 para suportar algumas das suas actividades pedagógicas e/ou científicas. Para estes (normalmente os mais aventureiros), na maioria das vezes a solução passa pelo recurso aos muitos serviços disponibilizados gratuitamente fora da própria instituição.
Do ponto de vista pessoal e de investigador não tenho nada contra a utilização dos excelentes serviços que, quase diariamente, vão sendo disponibilizados na Web! Eles são para mim fundamentais…
No entanto, enquanto este tipo de utilização da Web 2.0 persistir a um nível institucional, muito dificilmente, assistiremos a uma disseminação em larga escala nas respectivas comunidades. Sem essa utilização em larga escala, considero que estamos a perder um enorme potencial, principalmente na capacidade de promover uma cultura de maior abertura do ponto de vista pedagógico e científico dentro das instituições de ensino.
Como conseguir a disseminação de serviços da Web 2.0 dentro de uma instituição é uma questão complicada e para a qual tenho procurado encontrar uma resposta.
Na realidade, actualmente já são disponibilizadas algumas soluções que aparentemente apresentam uma solução simples e eficaz para a questão anterior. A primeira solução é apresentada pelos próprios LMS que, procurando responder a estas necessidades, têm vindo a adaptar-se/transformar-se de modo a permitirem uma maior abertura com a introdução de alguns serviços com características idênticas aos da Web 2.0. Uma outra solução tem surgido com a nova oferta de plataformas orientadas para a construção de comunidades sociais, que agregam de raiz um conjunto de serviços da Web 2.0, por exemplo, o
Ning e o
Elgg.
Relativamente a estas novas plataformas, quando começaram a ser discutidas e disponibilizadas, o seu potencial pareceu-me interessante. Apesar de continuar a achar que são plataformas interessantes e com algum potencial em contextos educativos, actualmente encontro-me a preparar um artigo cujo título provisório é “Are Elgg and Ning in Web 2.0?” e, no qual, procurarei demonstrar porque é que a resposta se deve inclinar para o não! Mais tarde voltarei a este assunto.
Algumas destas preocupações aparecem mencionadas num
artigo do qual destaco a seguinte afirmação:
“Jim Groom, an instructional-technology specialist and adjunct professor at the University of Mary Washington, coined the term, and this week on his blog he declared himself a poster boy for the movement. He says he is worried that Blackboard’s latest release, which attempts to incorporate the latest social-networking tools, will end up presenting a watered-down version of what pioneers of Web 2.0 technologies have done in their experiments.“ (o termo a que se referem é “
Edupunk”. O bold é da minha responsabilidade e a extensão da “preocupação” a serviços como o Ning e o Elgg também.)
Então, idealmente, que tipo de serviços Web 2.0 as instituições de ensino devem disponibilizar para a sua comunidade?
Entre outras considerações, o objectivo fundamental deve passar por conseguir disponibilizar localmente um conjunto de serviços independentes (blogs, wikis, social bookmarking, fotos, vídeos,…) que permitam uma utilização livre (sem aprovações superiores) a qualquer membro da comunidade (professores, alunos e funcionários) e, por defeito, abertos para o exterior.
Conseguir algo deste tipo parecia muito complexo, mas observando a forma como o
SAPO estava internacionalizar ou descentralizar a sua presença e oferta de serviços para
Cabo Verde e
Angola, a solução pareceu-me relativamente simples. O objectivo anterior poderia ser largamente alcançado se o SAPO permitisse o mesmo tipo de descentralização de serviços ao nível das instituições de ensino!
Alcançado este objectivo, a solução não me pareceu suficiente para responder a algumas necessidades básicas específicas das instituições de ensino. No estudo efectuado, tornou-se evidente que seria imprescindível adicionar novas funcionalidades que permitissem transformar o processo de agregação de vários serviços em algo muito simples para o utilizador final.
A proposta elaborada foi esquematizada no diagrama geral que se segue:

O post já vai demasiado longo para explicar minimamente os objectivos de cada sub-projecto (identificados por P#). Essas explicações ficam prometidas para os próximos dias bem como o destaque das pessoas envolvidas em cada um desses trabalhos.
A plataforma aqui presente não pretende dar resposta a algumas questões e situações que os LMS actuais resolvem de uma forma adequada, nomeadamente assegurar a privacidade das comunicações, garantir o acesso reservado a conteúdos, fornecer mecanismos de tracking e disponibilizar ferramentas de avaliação. Muitos cenários de Ensino e Formação à Distância têm estas condicionantes reais!
Para já fica aberta a discussão a esta proposta :)
Para terminar queria destacar o enorme contributo do
Benjamin Júnior e do
Luís Pedro em todo este trabalho que temos vindo a desenvolver. Obrigado!
Então é desta que lá apareço para ver o que estão a maquinar! :)
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